AUTORES DO BRASIL: JÁ EM FASE DE SELEÇÃO!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

JÁ EM FASE DE SELEÇÃO!

Este mês vamos voltar ao sistema do regulamento. Estou separando 20 para que vcs selecionem os 10 melhores. Mais uma vez não está sendo fácil! Parabéns aos concursandos de outubro pelos textos de alto nível.

Meira Lopes Editora/Sergio Lopes

Um comentário:

Perfil29 de outubro de 2011 às 12:41
E concerteza esse mês não será diferente...!!!
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POEMAS SELECIONADOS EM JANEIRO 2012

VEM COMIGO

(Sabrina Cristina)

Vamos sair por ai,

Tornar perene cada instante,

Eternizar cada momento...

Vamos ser guiados

por nossos sonhos

assim,

suavizar nossos corações

Vamos unir nossas almas

Nos entregar ao amor

Alcançar as estrelas

Vem...

Vamos fazer dos sonhos

Nossa realidade...

...

MEU SORRISO ERA TRISTONHO

(Aurismar Mazinho Monteiro)

Não me importo que saias de mim,

mesmo que eu fique a penar.

Viver contigo é tormento sem fim,

daí, ser melhor que te vás.

Acreditei nas promessas de amor

eterno que tanto fazias.

Iludiste-me, vivi amargor,

com o peito em constante agonia.

Eu não tinha alegria nem sonhos,

vivendo sem amor junto a ti.

Meu sorriso era curto, tristonho;

sou feliz te vendo partir.

Depressa, vai-te embora!

Deixa-me, dá paz à minha alma!

E não te enganes se agora ela chora;

é alegria, é encontro com a calma.

...

NÃO VIVA SEM SENTIDO

(Aurismar Mazinho Monteiro)

Não adianta você ter dois olhos

se com eles não queira ver.

Não basta que apenas olhe,

é necessário também perceber.

Não adianta ter uma boca bonita

se com ela você quase não fala,

mas muito come e depois tem preguiça,

alimentando o ócio, que a alma embala.

Não adianta ter dois ouvidos

se atento você não escuta.

É preciso que faça sentido

o que ouve de quem lhe fala de luta.

Não adianta seguir em lamentos,

sem que haja esforço na vida

para afastar da alma sofrimentos,

apagando-se do peito as feridas.

Não adianta viver sem razão,

agindo entregue ao instinto.

É preciso ter amor no coração

e alimentar quem dele é faminto.

Não reclame de tristezas sentidas,

enfrente-as como um aprendiz

e conceba que basta ter a vida

para tentar novamente ser feliz.

...

CONQUISTA

(Alex Jhow)

Você que lê essas palavras,

Tem idéia de onde elas saem?

De onde vem, de onde vieram?

Quanto tempo foi gasto para se encaixarem?

Você acha que vê apenas palavras

Junta as letras para darem sentido

Talvez ao ler, você sinta neste momento

Algo estranho sem explicação

Talvez possa fazer você sentir algo

Talvez consiga te levar num ritmo

Criando melodias com as palavras

Que te faça ouvir o som de seus desejos

Ou possa levar sua imaginação

A um ponto tão alto e belo

Que você enxergue seu paraíso

Uma visão tão divina quanto se pode imaginar

Conquistar sua visão e audição

Não é o bastante para ter-lhe para mim

Preciso de suas sensações seus sentimentos

Preciso que você ame a combinação das palavras

Posso esforçar-me o quanto quiser

Posso até conseguir a tonalidade perfeita

Sendo o som o eco da imagem

E a imagem a reflexão do som

Mas a única maneira de conquistar-te

É pensar o que você pensa, analisando

Cada pedacinho de seus quereres

Até chegar a perfeição de suas vontades

Talvez tenha essa habilidade

De construir a composição das palavras

Capaz de despertar em você

O sentimento do belo, com graça encantadora,

De elevar-te a um plano espiritual superior

Proporcionando-lhe um prazer que decorre das palavras

Um prazer que suprirá a perfeição de seus desejos.

...

MEU SEGREDO NADA SECRETO

(Aurismar Mazinho Monteiro)

Muito me indagam acerca de meus medos.

Procuro não ter medo, esse é meu segredo.

Sigo em paz com todos e comigo mesmo.

Reflito sobre o que ouço, que falo e faço.

Não penso no cansaço, por isso assim me acho:

sereno, sorrindo largo, levando a todos meu abraço...

Esse é meu segredo, daí eu não ter medo

de escrever como penso, sobre tudo de que me lembro...

E não é segredo que de quase nada me esqueço.

Sorrio, sou contente; assim me levanto e me deito.

Falo com toda gente, ouvindo-a com respeito...

Esse é o segredo, porém nada secreto,

já que o levo estampado no meu peito sempre aberto.

...

VAI-TE, MORTE!

(Aurismar Mazinho Monteiro)

Não me venha a sombra da morte!

Eu não a quero.

Que me venha sempre a luz da vida!

Límpida, intensa, florida...

Esta sim, quero, venero.

Embora daquela,

sem que eu queira,

adstrito terei, na hora derradeira,

o manto umbroso, acerbo, austero...

Mas não me venha logo!

Melhor: NUNCA,

porquanto eu não a espero.

...

GUERRA PESSOAL

(Sabrina Cristina)

Uma guerra pessoal!

O espelho e o reflexo,

A luz se vai...

A sombra permanece

O espelho...

Sem reflexo

Uma lagrima que cresce

Mistura- se com a gota de sangue

Vinte reflexos,

Nenhum concreto...

Agora o fim da guerra.

...

ENCRUZILHADA TEMPORAL

(Álex Jhow)

Óh tempo

Tu que és tão forte

Que levas a dor,

A alegria e o amor.

Você que leva tempo,

Chega de tempos em tempos

Escolhe um sem tempo

E leva-o para os tempos de dúvida.

Será que o tempo

Da tempo para quem precisa

Ou, para quem acha que precisa

Se o tempo chega ele se vai

Óh tempo

Dê-me mais tempo

Os bons tempos que se foram

Ainda hão de voltar

O tempo nada liga para

Os tempos de angustia

Os tempos de amor

Os tempos de dor

Ele só chega

Mostra que o tempo passou

E leva sem tempo

Aquele que perdeu tempo

Ó tempo

Quando vieres me buscar

Me leve sem tempo, para que meu tempo

Não tenha tempo de fazer tempestade.

...

LADO A LADO

(Maria José)

Amigo! Cativou-me...

Conquistou-me,

Tanto carinho assim!

Me constrange por não ser eu tão fiel assim.

Dias tristes, quero que seja culpado,

Mas você surpreende com seu...

Olhar verdadeiro e fiel,

Dizendo estou aqui, sorrindo latindo...

Faço lhe um carinho e você pula me abraçando feliz

Sente cada uma de minhas emoções,

Quando saio, expressa uma tristeza

Será que vai voltar?

Conhece o meu horário de chegada,

Quanta emoção na minha chegada!

Comunica-se com todos, quase falando

Sempre ansioso, pulando de tanta alegria

Cumprimenta-me abraçando e me beijando

Fiel sempre do meu lado.

...

TESTAMENTO

(Inezteves)

Eu nunca tive brinquedos

Vivi uma história dura

Hoje vivo com meus medos

Que quase ninguém atura

Vida de pobre é assim

Trabalho, estudo, escassez

Depois velhice ruim

Tristeza do que não fez

Hoje aos quarenta e poucos

Eu vejo só um caminho

Esquecer desejos loucos

E ficar em meu cantinho

Ilusões já não existem

Meus sonhos diminuíram

Poucas vontades persistem

Abri mão, elas fugiram

Ainda bem que o riso

Companheiro inseparável

Faz-me perder o juízo

E rir dessa vida estável

Rir do rico que roubou

Rir do juiz que enganou

Fez mais que se conformou

E tudo que teve amou

E ao morrer eu não levo

Nenhum diploma ao menos

Por isso a Deus eu me entrego.

Êta vida mais ou menos!

...

LEMBRANÇAS

(Maria José)

No silêncio da noite...

As luzes acesas,

Fotos,

Quantas fotos na cama espalhadas

Cartas,

Tantas cartas

Lembranças,

Será que um dia?

Não imaginava como seria...

Eu não teria...

Eu não sei se vou...

Na varanda a velha rede

Ouço nossa canção

Momentos tão bons!

As lembranças são demais...

Transborda, como uma taça de vinho

Minha emoção altera a respiração

Quanta falta me faz.

...

O ESCRITOR E SEUS ROMANCES

(Henrique Rodrigues Soares)

Ao escritor, o silêncio das palavras

é fúnebre, é triste,

e a máquina na mesa

congela ao frio do desuso

Calada

O iceberg quer o silêncio quebrado

Ela o instiga e o chama

criando um tumulto

Os personagens pulam, dançam e andam

no seu peito

Um terremoto, um maremoto,

um largo de chama que ferve e inflama

Querem criar vida própria

Querem a liberdade do seu criador

Então, elas gritam:

- Solte os grilhões que nos aprisiona

Nos liberte num livro

Deixa viver as páginas

qual nós pertencemos

Deixa-nos viver

para com o fim das estórias morrermos

E ressuscitaremos a cada leitura

de um leitor

que nos quer conhecer,

nos amar, nos odiar,

nos dar vida...

...

RUGAS! EU?

(Maria José)

Tempo... Tempo...

Surpreendido pelo tempo,

Um filme lhe passou...

Diante do espelho pensou:

Marcas, quantas marcas

Um grito ecoou, mas seu grito não se ouviu

Meu Deus!

Percebeu que o tempo não voltaria mais,

Naquele instante a realidade que ficou...

O antes e o depois, quanta emoção!

Fechou os olhos para buscar o que havia passado

Tentando resgatar.

Mas as rugas machucaram a alma

que queria lutar contra o tempo

Sua mão trêmula sua capacidade limitada,

Seu olhar firme diante do espelho

Percebeu que seu olhar e seu sorriso

tinham lembranças do seu eu.

Sentiu um arrepio...

É, realmente, o tempo passou!

De repente sentiu uma alegria,

porque estava ali vencendo o tempo

Seus cabelos alvos como uma lã,

mesmo com essas características

Fazia parte do milagre,

quantos não conseguiram chegar às rugas,

E a cada dia poder dizer:

Deus, obrigado, eu estou aqui!

...

O SEGREDO DO ABISMO

(Henrique Rodrigues Soares)

O egoísmo bate na tua porta

como um sentimento sufocado

um amor que deixou de ser amado

uma avião fora de rota

tudo que nasce... sempre brota

como uma lágrima num olho cansado

como a morte num amor assassinado

sempre o mesmo valor, a mesma nota

o teu ódio verde na horta

já cresce conformado

de seu espaço limitado

como um navio em uma frota

somos um... temos um fado

uma morte e uma corda.

...

MOMENTO DE POESIA

(Henrique Rodrigues Soares)

Arranquei-lhe um beijo

como se arranca uma esperança

dessas que se planta, rega, nasce e suplanta

Seus olhos arregalados me devoraram num susto profundo

Tão profundo quanto o beijo que lhe roubei

E minha língua roçando sua língua

seu estômago, seu pulmão, seu corpo, sua alma

E em pouco tempo nos tornamos nuvens

nuvens carregadas de poesia

Choveu poesia em nossos corpos

e nossos corpos suaram poesia

e quando acabou a poesia

A vida voltou ao mesmo inferno.

...

O QUE DIZER DO POETA?

(Maria José)

Ser poeta é um dom de Deus,

Que escreve o que fala o coração

Um sonhador que retrata,

Um sentimento profundo

Que vem do oculto de um mundo:

Sua alma,

Tocando o coração da alma de quem o lê.

Com seu momento, seu viver,

Quem pode entender?...

O que dizer do poeta?

O poeta é...

A natureza viva aguçando os sentidos do ser humano.

...

NATAL?

(Inezteves)

O que é natal?Pergunta a criança ao entrevistado.

Ele responde:- É a data que o humilde é presenteado.

Despendem-se as esmolas, pra descontar dos impostos!

Alardeia-se caridade sentimentos pressupostos...

Papai Noel vem me ver? -Continua a criança...

E Jesus onde estará?-Inquire em sua pujança...

O entrevistado reflete e para por um instante...

Afinal ele é adulto, mas é tudo conflitante!

Ah... Mundo tão desigual, tão mentiroso e banal!

Ah... Mundo capitalista, consumista e bestial...

Sou a criança crescida, cansada, mas inserida

Na torpe e insana idéia que é pregada e não vivida!

Não olheis o calendário, que te lembra os festejos...

Se queres vencer o mal refreia os teus desejos...

Não sejas manipulado em desatinos e aquisições,

Pois a compulsão te mata se seguir as multidões!

Seus amigos têm carros, sua família é rica?

Contenha teus sentimentos, eles vão e tudo fica...

Preserva a tua saúde encha a mente de alegria.

Agradeça por viver... Caminhe com maestria!

Dizer isso não é fácil, pode acreditar amigo...

Eu repito como mantra e às vezes não consigo!

Discriminam minha raça... A ralé, raça de pobres!

Mas dependem dessa raça, para existência dos nobres!

...

POEMAS SELECIONADOS EM DEZEMBRO 2011

CONCURSO DE NOVEMBRO 2011

(ORDEM DE CLASSIFICAÇÃO)

QUERO
(Aurismar Mazinho Monteiro)

Quero velejar por águas de rios
e de mares extensos afora;
sentir no meu rosto o sol e o frio
vendo estrelas à noite e auroras.

Quero navegar envolto em risos,
mesmo que eu chore em cada partida
de um porto ou dum cais de beira de rio;
o que importa é rumar feliz toda vida.

Quero navegar nas águas da alegria,
em oceanos de felicidade;
deixar meu barco seguir na ventania
para bem longe de adversidades.

Quero domar as ondas espumantes
que espraiam pelo imenso anil,
inspirar poesias aos amantes
em som de amor, num cântico pueril.

Quero flutuar em águas, céus e ventos,
singrar choros da alma, dos rios e mares,
lágrimas de risos, alegrias e lamentos...
Enfim, quero vencer as ondas dos males.

...

TEMPO INCÓGNITO
(Aurismar Mazinho Monteiro)

O futuro é mera possibilidade,
embora se diga, ser “o tempo que virá”.
Porém, o certo é que ninguém sabe,
se o presente, de fato, passará.

O futuro, por ser incerto, não tem hora,
nem confirma que vai mesmo chegar;
ele se fez e se faz aqui e agora,
sem garantias de que um adiante se fará.

O futuro tornou-se passado em ida hora;
jazeu e jaz neste momento a perpassar.
Torna-se possível de vir a partir de agora
e deixa de ser, ao vermos o tempo passar...

O agora, tempo presente, está passando,
a toda hora, perpassa sem parar;
é o dito futuro chegando, se apresentando
sem que cesse, todavia, de se apresentar.

...

PRIMEIRO BEIJO
(Alex Jhow)

O beijo te define
É o DNA dos apaixonados
O gene mais poderoso da paixão
Não pode ser clonado

O sabor do beijo
É fonte de desejo
A vontade de sonhar
É a coragem de amar

As borboletas no estomago
Arrepio na espinha
O calor aumentando
E as línguas se tocando

O perfume se espalha
O nariz se atrapalha
Um aroma charmoso
Um amor delicioso

Com o aperto da pegada
As mãos escorregam pelo corpo
Os elétrons e prótons se agitam
E as bocas se atraem

O primeiro beijo
Um poderoso desejo
A primeira sensação
Uma grande emoção.

...

FORA DA LEI
(Chicomattos)

Com arma branca ou de fogo
A violência se acha nas pessoas
Feito bala perdida localizada
Que um corpo encontrou

Nos becos, nas ruas, nas vielas
Alcançando chaparias, portas e janelas
De doze, sete meia cinco ou trinta e oito
Como se fosse cafezinho e biscoito

Lança faca, facão, canivete
Fora da margem da lei, pivete
Alvejando bala, chiclete
Vivendo o merchandagem dessa tatuagem

A menina dos olhos azuis vai chegando...
Piscando, piscando, piscando em seu alvo
Buscando presentear com balas quentes
Ou parabenizar com fanta e bolo.

...

O LOUCO É LIVRE
(Juarez da Conceição)

Louco... Louco... Louco...
Assim dizem que eu sou!
Mas por que eu sou louco?
Digo que louco eu não sou!
Todos dizem que sou louco
Só porque rasgo dinheiro...
Só porque falo sozinho...
Mas estou no mundo inteiro!...
Eu sou louco,
Pois não me deixam
Viver... Cantar e sonhar...
Eu só quero carinho
E amor para ser feliz.
Eu sou louco... Todos dizem,
Mas eu não construo armas...
Não mato meus irmãos...
Não faço guerra com os outros...
Não destruo a natureza...
Não determino o progresso...
E nem tormento a pobreza!
Todos dizem que sou louco,
Porque não sabem de fato
Que o mundo é que é louco,
Que destrói seu ambiente,
Se matando pouco a pouco!
Nos jornais é que se vê
Todo percurso do homem:
Seqüestro todos os dias...
Misérias... Pestes... E fome...
Digam-me, então, quem é louco,
Se sou eu ou se é o homem?
Na vida em que ele vive,
Eu sou louco, mas sou livre!

...

SABER AMAR
(Inêzteves)

Tal qual a folha arrastada ao vento
Somos nós mesmos mui vezes levados
Pelo querer, voraz sentimento.
Que deixa os homens, às vezes, “quadrados”!

Ficamos nobres (é o que pensamos...).
E tolos somos para o mundo inteiro.
Não veem todos, como nós vemos,
As cores vivas do “amor primeiro”!

E os reveses, as tristes lutas,
Não nos impedem de caminhar
Se isto sentes... Se assim transmutas...
És um dos “tolos”... Isto é amar!

Toques com zelo no ente querido
Como quem toca um cristal fino
Por muitas vezes sairás ferido,
É o ladrão chamado destino...

Saibas tirar, dos segundos, horas
De uma noite tentes tirar mil...
Pois as mais belas, vão virar senhoras
O tempo envolve a todos neste ardil!

Porém, se cultivar a flor...
Deixá-la linda... Presa em seu galho
Tu saberás não envelhecer no amor...
E amar sempre... Com o mesmo ardor!

...

NOITE
(Inêzteves)

Amar a lua, estrelas e infinito.
Ausência de sons, quietude.
Silenciosas noites, esperadas
Estreitam nelas, insones amores.

Amar solidão e silêncio sempre
Manhãs ensolaradas, adormecem.
Nascem em noites os poemas
Na quietude da silente madrugada.

Aprender a anoitecer o dia,
Ensolarar à noite vida afora.
Pois se uma noite se faz em dia
Brilha a lua e anoitece agora!

Nas noites o amor floresce?
Em dias o amor fenece?
O amor ao trabalho enobrece?
Labirintos de vida... anoitece!

Manhã. Nasce uma criança.
Dia. Um jovem aflora.
Tarde. Um ser amadurece.
Noite. A alma vai embora!

...

CANTIGA DE AMOR
(Inêzteves)

Eu canto uma canção solene
A um amor sonhado desde cedo
A um amor suave e perene
Onde no extremo zelo, não há medo.

Assim de ternura tão repleto
Vivemos sentimento doce e terno
Um amor sublime e completo
Este gostar paixão é quase eterno.

Se aborrecida, choro ou reclamo
Ele, meigo e sorridente me acalma
Sabe que acima das lutas, eu amo
E me faz amada em profundeza d'alma.

Ultrapassaram os limites do delírio
Nosso intenso e lindo mundo de amor...
Os problemas não nos levam ao martírio
Nosso mundo colorido supre a dor.

Prosseguimos na vida lado a lado
Nosso mundo é só desde o princípio
Pois o nosso universo foi traçado
No futuro, presente e particípio!

Entreguei-me ao amor completamente
Corpo e alma sem temor algum
Ele entende e aceita igualmente
Pois não há entre nós ódio nenhum.

Com esse sonho sonhado e esperado
Sou eu mesma, completa e sem temores
Nos achamos durante nossa meta
Ele me procurava em seus amores.

Os rancores, angústias e deslizes
Não existem em nosso sonho vida
Somos completos e assim felizes
Já não pesa nem cansa essa cantiga.

É assim a vida
É bonita
E merece ser vivida!

...

SOLIDÃO

(Huandra Siqueira)

Da janela avisto um cenário
Propício ao nosso embalo,
Mas para meu total suplício
O banco no lago está vazio.
O frio lá fora vem confirmar
A sensação de que a noite
Era pra ser nossa- era nossa
Mas o vazio vem aumentar
A solidão que me destroça.
Sua presença já não tenho
Seu amor comigo não está,
Mas o amanhã será distinto
Ele será? Mesmo não sendo,
Te queria aqui neste lance
Pra me cegar com a sua luz
E observar o límpido sorriso,
Preenchedor de todo vazio
Que esta noite , por si só,
Não conseguirá ocupar!

...

10.

V I V E R
(João Santos)

Viver é perseverar com confiança
Em algo que talvez nunca se alcance
É dar vida à uma simples esperança
Fazendo do impossível nova chance,

E nós, cheios de idéias e planos
Tateamos como cegos nesse escuro
Viajando em nossos sonhos de humanos
Sem lembrar que Deus é dono do futuro

Como ondas que perseveram incessantes
Buscando novo avanço em recuadas
Nós também seguimos meio itinerantes

Em busca do melhor pelas estradas
Desse mundo onde somos imigrantes
Sem saber o fim de nossas caminhadas.

...

POEMAS SELECIONADOS EM NOVEMBRO 2011

CONCURSO DE OUTUBRO 2011

1
FRAGMENTOS DE MIM
(Aurismar Mazinho Monteiro)

À mesa, contemplo migalhas caindo do pão
que consumo lentamente no almoço...
São como os rios caudalosos de emoção
que saem de mim, externando meu desgosto.

Nestas águas que rolam em meu rosto,
resvalando-se para o linho sobre a mesa,
revelando-me em dor, qual num horto,
é que se aflora recôndita tristeza.

Também à noite, à mesa, no jantar,
pelo pranto inda me acho envolto...
Novamente as migalhas resvalam...
E continuam, me expondo absorto,

as lágrimas, que duma saudade me falam...
Tais lágrimas são rios da minha alma
transbordando do seu leito por minha face
que se enrubesce e não mais se aclara

– por ido amor... Ah, meu seio, que impasse!
Porém, resisto; meneio a cabeça sendo forte.
Concebo, então, que as lágrimas que me escorrem

são límpidas gotas do orvalho sobre as flores
dalgum jardim, enquanto todos dormem...
E só assim é que se abrandam minhas dores...

...

2
POÉTICO ALMEJAR
(Aurismar Mazinho Monteiro)

Quero inserir em todo o mundo a alegria;
mostrar aos povos o quanto vale um canto
de paz, falando de amor em poesias,
e que é possível ser feliz em qualquer canto.

Quero semear nas pessoas a vontade
de exalarem da alma seus poemas;
incutir em toda e qualquer sociedade
que ser romântico é belo e vale a pena.

Quero fazer ouvirem harmônicos sons
quais pássaros em lúdicos rituais,
mesmo que ouçam em diferentes tons
– o que importa é ver as reações iguais.

É bem amena a luta pela inclusão
de novos caminhos, à luz de um bom trilhar,
já que não há força, regras, imposição,
bastando somente o coração se deixar levar...

Essa inserção será deveras esplendorosa,
pois melodia é semente no coração,
que brotará acordes de poesias pundonorosas,
por cujos versos povos felizes caminharão.

...

3

O ZUNIR DO MEU OLHAR
(Aurismar Mazinho Monteiro)

Voa a flecha expelida do meu arco
vazando ondas etéreas, a gravidade
da Terra, rumando para o espaço,
ante as lágrimas que me vertem de saudade.

É meu olhar a penetrar na imensidão,
vagamente, mas com força galopante,
pois que de artéria latejante de emoção
me saiu e sai, nesta lamúria incessante...

Para essa flecha não há alvo a atingir
e seu zunido é contínuo, agudamente...
Não há cessar que a possa dirimir,
já que foste para longe e para sempre...

Como desejo novamente abraçar-te,
açoitar de vez esta agonia de solidão!
Quão feliz seria eu se te alcançasse!
É que tudo em ti me abranda o coração.

Oh! que bom seria, se para mim tu retornasses,
extraindo-me d'alma esta aflição!
O voar da seta esbarraria num baluarte
e qual pluma pousaria em minhas mãos.

...

...

4

MULHER-MÃE
(Maria Silva)

Um momento de paixão, sedução
Envolvida pela cumplicidade do amor
Na euforia da emoção, atração
Onde seu corpo se encontra envolto com seu amado
E num momento de alta plenitude de amor,
O mais perfeito acontecimento natural da humanidade...
A concepção.

E a mulher sente-se plena, realizada,
Com esse acontecimento memorável,
Sublime, sobrenatural...
Quem pode entender?...
Só vivendo o amor que vem das entranhas:
Capaz de renunciar, entregar,
Cuidando com tanto carinho.
Um amor tão profundo!
Inalcançável, o amor de sua própria alma

E seu pedacinho! Quando cria asas...
Um vazio toma conta de si,
Sufocando e apertando seu coração
Todos são belos diante de seus olhos...

Quem toca neles, toca sua alma e a mulher - mãe transforma-se.
Nasce uma fera ferida e incontida,
Que vence muralhas para ampará-los.
Porque os sonhos mais lindos para eles são sonhados.
Jamais alguém vai ocupar o lugar na vida de sua vida,
Do seu amor seu filho amado.

...

5

SONHANDO (menino de rua)
(Maria Silva)

O seu mundo é triste!
A sua alegria é pouca
Nos seus olhos a expressão da amargura,

Tristeza...
Os dias passam...

As horas passam e tudo na mesma
No vai-e-vem das pessoas busca entender
Não tem culpa...

Poucos são os que o olham
Muitos o julgam.

Mas na pureza de sua inocência,
Expressa seu sorriso...

Brinca e pula
Sonha em fazer parte de um mundo que desconhece;
Sente fome e frio...
Seus cabelos desarrumados...
Sua pele suja.

Tem tanto medo!
Escondido atrás de tantos sonhos...

Tantos desejos
Casa, Comida, Cama, banho e brinquedo.

Espera um sorriso
Espera um carinho
Espera conhecer o amor
Espera conhecer a paz
Espera conhecer a alegria de viver.

...

6

A NEBLINA DA MINHA INFÂNCIA
(Juarez do Brasil)

Da janela a neblina
Em melodia suave
Eu vi tocar o chão
O cheiro de terra molhada
Fez-me voltar aos tempos de criança

Bolas de gude
Banhos no açude
Pipas, esconde-esconde
Tudo era brincadeira
Mamãe na rua, estátua.
Pique bandeira

Corpo a corpo
Olho no olho
Nos campos, nas ruas
Primos e amigos
Tudo era festa
Sempre uma brincadeira
Um abraço na despedida...

Fechei a janela
E voltei para o mundo da informática
O toque é no mouse, no teclado
Os jogos são online...
As visitas são nos blogs
As campainhas não tocam mais...

...

7

INVISÍVEL
(Juarez do Brasil)

Insisto:
- Eu existo. Notem-me!
Tenho a face marcada
Nas mãos trago flores
E na alma muitos amores

Notem-me!
Faço versos, rimas...
Sentimentos nas palavras trago
E no coração um desejo de afagos
Insisto:
- Eu existo.

Eu existo e sou poeta
Brinco com as palavras
E delas amigo me tornei
Aos versos me apeguei
E rosas nas mãos trago
Há alguém pra me dar um afago?
Eu existo. Notem-me!
Não desisto. Insisto.

...

8

CONSTRUÇÃO
(Sergio Caldeira)

Quando eu nasci
Já sabia que queria ser mais alguém do que seria.
Fui indo assim, vagar comigo, procurar postigo além...
além de mim.
E assim,
descrevo meus caminhos como pedras de um muro
(forjando-as no choque entre uma e outra que descubro).

Quem me dera dissolvê-las todas em um líquido amniótico:
Para que vejas face por faces como em ti me reconheço.
Desses caminhos que trilhamos,
além dos horizontes,
vou ao escuro – tateando muros – cambiando à luz,
com desejo de caber-me nos olhos das paisagens que me olham,
deixando meu corpo pelas avenidas,
construindo em minhas cavidades cidades, países...

O meu olhar estendido para planícies, desertos, desertos e magias.
Tudo branco, lápis colorido entre os dedos, folha vazia:
desejando-me ser o Ser da Criação.
Grande mundo.
Vejo o mundo, vejo mundos...

E quero mais
...

9

O POETA E A MADRUGADA
(Sergio Caldeira)

Não se pode aprisionar a alma,
Escrevia o poeta bebendo Conhaque.
As pessoas dormindo nos sonhos
E os filósofos nas teias do mundo.
De repente o céu explode em cores,
Como as noites de guerra em Bagdá.
Era um estrondo de fogos que pareciam
imaginados no céu do poeta a fazer brilhar a madrugada.
Há duas quadras dali um dos seus vizinhos não dormia
com medo de fantasmas,
os quais não sabem que morreram
e voltam para se esconder nas sombras da mente humana.
Um galo cantou adiantando o relógio de outros galos.
Gatos se esfolavam no cio.

Veio ao poeta, de repente, vontade de amar.
Teceu em frases curtas uma bela figura feminina.
E depois de muito amá-la com dores e alegrias.
escreveu novamente sobre o papel.

É preciso fazer um poema para essa pequena.
É preciso fazer quantos forem preciso.
É preciso o quanto antes, um poema tecido
com fibras de carinho, em quanto pasma
o mal-me-quer bem-me-quer dos meus sentimentos.

Poema metalingüístico.
Poema desafogo.
Verdadeiramente imperfeita e cristalina: como anjo não,
como humano: acessível sem orações.
E depois riu-se, riu-se de gargalhar enquanto inventava outras poesias
que verdadeiramente sentia.

O conhaque entornou no papel e no poeta;
e a "pequena" amanheceu para sempre esquecida,
como as sinfonias que Mozart não escrevera.

...

10

ALÉM DA MORTE
(Anhy Menires)

O casal rindo na praça
Poderia ser mais um casal
Mais eles olham-se e acham graça
Estão lembrando-se de alguma ocasião especial

O cabelo branco revela a idade
E mesmo velhos ainda caminha juntos
Eles passeiam por toda a cidade
Depois de tanto tempo e nunca falta assunto

Um amor de longa data
Que superou as barreiras
Um sincero amor o tempo não mata
Não mata o sorriso, o cheiro nem as brincadeiras.

Por instantes tudo volta ao passado
Ele é jovem de novo, um jovem belo e forte.
Eles sentados juntinhos lado a lado
Jurando amor além da morte

Em frente ao restaurante
Ele ainda é romântico e a leva para passear
Tão fiel que nem sonha com amante
Só quer sua velinha para amar

O tempo passou e para sempre ela teve que ir
Agora ele é infeliz e vive a chorar
Olha as coisas dela e lembrando consegue rir
Relembrando os dias felizes que conseguiram passar

Ele senta no mesmo banquinho
Tenta ser forte e não se emocionar
Sua vida é estar sozinho
Escrevendo um diário sobre o que consegue lembrar

O quarto é uma imensidão
O tempo não que passar
Ele passa a mão no imenso colchão
Relembrando sua promessa de para sempre a amar

A parte egoísta dele desejaria ir primeiro
Mais ele não poderia deixar ela sozinha no mundo
Queria cuidar do seu amor verdadeiro
Mesmo que isso lhe ferisse o mais profundo

Nos pensamentos dele, eles continuam passeando.
Ainda trocam carinhos e confidências
Ele Imagina os momentos que estavam se amando
Para ele, Ela foi a mais incrível experiência.

O tumulo levou seu corpo material
Além da morte foi esse amor
Isso não é exatamente o final
Mais foi uma implacável dor

...

POEMAS SELECIONADOS EM OUTUBRO 2011

POEMAS SELECIONADOS DE SETEMBRO 2011

FOME
(Aurismar Monteiro)

Minha fome não é só de comida,
de carne, arroz e feijão.
Quero também ter paz e guarida,
um abraço, um amigo de bom coração

Tenho fome da pura verdade,
em vez de promessas infindas;
de viver com dignidade,
dar ao riso de alegria as boas vindas.

De ter minha honra acatada,
no exercício da cidadania;
de não ver política fraudada,
governantes corruptos, tirania.

Tenho fome de que minha voz
seja ouvida ante os reclamos dos pobres
que vivem na miséria atroz
causada pela violência dos nobres.

Sou faminto de calor humano,
que escasseia na humanidade.
Tenho fome de ver a Terra girando
contrariamente ao que nela foi gerado.

...

FENDAS
(Aurismar Monteiro)

Pelas fendas das pedras correm águas;
pelas fendas das rochas passam rios;
pelas fendas das dores sofrem almas;
pelas fendas dos amores veem-se os brios...

Existem vidas com tristezas e alegrias;
n’algumas, fendas que são cruéis feridas...
São almas em constante melancolia,
vivendo sós, cismando, esquecidas...

Mas há fendas que permitem a luz do dia
em fortes feixes – incandescentes fachos –
nutrir as vidas, ensejando as calmarias.
E é por essas fendas que te vejo, que me acho.

...

EU: SURDO E MUDO...
(Aurismar Monteiro)

Num aceno me identifico,
num silêncio eu grito.
Em teu olhar me vejo,
por teu ouvir eu me acho...

Fugiu-me o som,
a linguagem falada.
Calou-se a minha voz,
um tormento, a caminhada...

Oh! que aflição!
Que agonia mais atroz!
Assim é como sou:
por não ouvir, não falar,
tens aí a minha dor;
apenas por não escutar
a minha, a tua voz...

Eis-me; contudo regozijo-me,
pois assim tu me tens.
E assim vivo e me faço,
junto a ti que me deténs,
amparando-me num abraço.

...

O SOM DA SOLIDÃO
(Aurismar Monteiro)

Um grito escapa do palato – o céu finito
e se esvai no universo – céu infinito...
atordoando as estrelas de cinema,
e até vibrando nas estrelas do firmamento...

Faz eco no labirinto dos pensamentos
das pessoas que agonizam em tormento
e das que vivem deslumbradas de contentamento...

Ressoa, ora ritmado em acordes maviosos,
ora descompassado, alto e baixo,
quais caminhos ondulosos...

É sonoridade perpetuando-se na atmosfera
de qualquer astro gravitando na ionosfera
e nas camadas da Terra desde outras eras...

É um grito de força descomunal
que supera as forças do sideral,
mas se comede, se atenua ante as almas
atribuladas, devolvendo-lhes a calma...

Esse grito é assim, não se consegue definir.
São ondas intensas do som da aflição,
dos que fogem, bramindo em altas vozes
se negando a um temível triste porvir:
de não mais gritarem ante uma nova solidão...

...

MORTE
(Henrique Rodrigues Soares)

Alguns dias acordamos cansados
Fadigados e extenuados de viver
Vemos tudo como um trágico fado
E então, compreendemos porque morrer.

Trabalhamos, trabalhamos...
Sem algo para receber
Nos enganamos e saciamos
Construindo sonhos de poder.

O dia começa exaustivo
Sem novidades para acontecer
Sem desejos ou motivos
Vamos nos acostumando a esquecer.

A mulher grávida anda e chora
Com suas mãos segurando, tentando conter.
Um vivente que quer ver o mundo afora
Com seus próprios olhos conhecer.

Começou de novo o que ficará velho
De todos os choros, o melhor é o de nascer.
No universo de estrelas, um centelho.
Abriu, brilhou e agora vai escurecer.

...

DIVINO
(Inezteves)

Deus se fez homem...
Deus quer humanos e não máquinas!
Assassinamos Deus-homem...

Queremos deuses e não homens!
Ele ressurgiu... Burlou as leis de homens!
Ateísamos!

Queremos homens e não deuses!
Por Deus!
Queremos paz e não guerra...
Mas nem sequer nos mexemos
Se é o filho da vizinha o drogado!
Se é o mulato analfabeto o espancado!
E se durmo bem, que me importa tua insônia?
Quero Deus e não meu irmão!
Problemas?
Tô fora!
Eu oro... Ora!
E você se dane!

Aí eu sinto fome...
O Deus em mim precisa de você...
Mas eu te lancei fora!
Te esmaguei em meu egoísmo,
Ateísmo, budismo,
Catolicismo... Islamismo
Protestantismo!
Em ismos!
Absorvi os sismos dos catecismos
Divinamente belos e sutis
Conformismos!
Infernos bestiais em vida...
Sacrilégios...
Santos e santarrões!
Uau!
E assim o homem se endeusa!
Onde está Deus?
Aí em você!
Procura-o em mim...

...

QUE QUERES, TRISTEZA?
(Aurismar Monteiro)

Que queres tristeza?
Que fazes aqui?
Não vês em mim beleza, serena face a sorrir?

Bem sabes, bons ventos não a trazem!
Não me roubes d'alma a candura
que a paz e a felicidade me fazem.

Vai-te!
Habita-me agora a alegria.
Espaço em mim não terás.
Não sucumbirei à melancolia,
teu lugar ficou para trás.

...

SONETO DO SISTEMA
(Chicomattos)

Minha poesia tem peso de @
Mesmo que venha presa entre #’s
Não vendo, não troco, nem tem valor $ cifrado
Mesmo que você me passe adiantado cem %

Ela chama atenção com pequenos *’s
Quando vem protegida fortemente por ( )
Com suas mãos armadas com duas //
Tomando todo o sistema e o Ctrl

Leia com atenção e não entregue a Del
Se for chamado para declamar Enter
Faça Ctrl C mais Ctrl V em sua memória

Tire sua imagem desse trabalho com um simples Print
Se você não visualizar meu talento Caps Lock (nele)
Digite Ctrl mais P pegue a folha e Shutdown

...

50°c DE DELÍCIA
(Chicomattos)

Esperei pacientemente em descanso
Sua resposta que nunca aparecia
Entrava a noite saia o dia, esperei, esperei, esperei

Como o dia espera o sol nascer
E a noite espera a lua brilhar
Com paciência por você esperei, esperei, esperei

Porém não fui desapontado,
Encontrei quem eu tanto esperava
Segurei sem deixar cair sua lágrima, que tão quente
Parecia uma convulsão aquela temperatura

Seu cheiro já satisfazia toda minha vontade
De tomar o seu aroma adocicado
E dizer: Que cafezinho delicioso!

...

FELICIDADE
(Henrique Rodrigues Soares)

Deixei amores no passado
Sabores que não foram degustados
Este instante me custa tão caro
Como um diamante raro.

Não choro pelo que foi embora
Culpas ou tristezas agora
Semeio sim, a alegria de outrora
De ficar para sentir estas horas.

Ontem, é tão longe como saudade
Hoje, daqui a pouco vira antiguidade
Quero flores e sorrisos no meu jardim.

Retirei os espinhos, mas deixe o capim
Para concentrar o desabrochar da beleza
Foram escolhas caminhos para certeza.

...

SE A SUA FÉ FOR... VÁ!
(Chicomattos)

...Se a sua fé for forte ela empurra o monte
Se o monte for alto suba na fé
Se a sua fé for forte ela derruba o gigante
Se o gigante for alto ele não alcançará sua fé
Só se sua fé for forte isso pode acontecer

Aconteça o que for se for sua fé forte você vai ser
Se sua fé for forte, vencerá
Se sua fé na frente for, campeão
Até a morte pela fé, viverá
Se a sua vida pela fé, viver...

...

PONTO...
(Chicomattos)

Um ponto
Tão somente um ponto preto
No papel branco, não sei...
..

Dois pontos
De ônibus encontrei
Um de partida outro de chegada.
...

Três pontos
Eu preciso em matemática
No final do ano...

....

CÁRCERE
(Maria José Silva)

Triste alma!
Como a de um pássaro,
Preso numa gaiola
Que canta sem encantar!
Nunca sente alegria,
Só tristeza...
O seu gemido dói na alma,
De tanta amargura na alma
Porque a dor não cessa.

Um pássaro livre sua beleza excede
Um pássaro livre seu canto encanta
A cada canto uma alegria intensa
A cada canto o seu colorido ilumina

Quer uma chance para a liberdade
Quer passar, passar por uma brecha e voar;
Quer ser livre para voar
Voar ao vento e seu canto encantar.

...

ORAÇÃO POÉTICA (ALMA DO POETA)
(Pablo do Nascimento Pereira)

Canto os amores fugídios
Peraltas...Arteiros...
Juntando os vestígios
Dos mais verdadeiros...
Os sonhos, a lua
Que passam sozinhos
E em silêncio nas ruas
Fazem seus ninhos

Pobres poetas
Que não cantam tal benção
Que constroem suas retas
Nas curvas que pensam
Que passam_ passeiam_
Que a mágoa existente
É o que pranteiam
O que é mais comovente

E se procuro motivos
Tais como estes
Meu Deus pra que sirvo?
A quem estou prestes?
Só me deixe a pena
De fazer poesias
Que as deixe serenas
Mas não as deixe vazias...
...

ROMANCE
(Henrique Rodrigues Soares)

Com olhos tristes e contemplantes
Buscando no ar seco e estagnado
Cristalizar... Fotografar o instante
E guardar nos bolsos do passado.

O corpo escapa ao alcance
De mãos e de sonhos
Escrevo um breve romance
De destinos estranhos

No desfiladeiro de intranqüilas curvas
Com a visão envelhecida e turva
Preciso aperfeiçoar meu tato

Em breves... Poucas palavras
Páginas quentes de letras brasas
Vive um mundo intacto.

...

O DESTINO DA FLOR
(Denis Silva)

Caminhando por um egrégio jardim,
Onde estão as mais belas flores da vida
De belezas tão inexplicáveis,
Com fragrâncias imensuráveis,
Avistei uma flor que me arrebatou!

Na ousadia do momento fui até ela,
No entanto, com muita cautela,
Olhar de perto a rainha do belo horto
Que me deixara tão absorto

Única em um perene arbusto!
Única em um caule lenhoso!
Fiquei compenetrado, ensimesmado!
Com sua cor escarlate, cor rutilante,

Com peças florais intocáveis, peças sedosas,
Que exalava em minhas narinas
Um agradabilíssimo perfume
Emanação essa que ressoou em meu coração
Fazendo-me lembrar o amor, a paixão...

Não cansado de admirá-la,
E agradecendo a Deus por sua bondade
De criar uma flor tão bela e glamorosa,
Eis que acontece o pior!

Em um fúnebre instante,
O terrível e exímio jardineiro,
Com um autêntico instrumento de gume,
Que tanto deu dos seus cuidados,

Sega-a com todo o seu desprezo
Não pude acreditar em tal acontecimento!
A flor com toda sua venustidade e formosura,
Essa que me tocara com tanto apreço,
Não pôde entender seu triste destino:

Ser levada de seu gracioso reino,
Para ser colocada em um mero vaso de vidro,
Encantando somente por parcos dias
Um simples e modesto lugarejo

...

QUIHICA
(Henrique Rodrigues Soares)

Aquilo que esperamos desde que nascemos
Aquilo que vislumbramos na tenra idade
Ao perder inocência nos embrutecemos
Com o medo assombroso da fatalidade

Os que vencem os anos com sacrifício
Deixando mais lágrimas do que sorrisos
Os que partiram jovens pelo oficio
De serem livres e sem compromissos

A sociedade precisa de seus heróis
A sociedade constrói os seus vilões
Quem tem olhos como faróis
Cada passageiro diferente missões.

...

DOM CASMURRO
(Henrique Rodrigues Soares)

Se teu olhar te traiu
Na busca do que foi perdido
O semblante sólido agora caiu
Quebrando o disfarce antigo

Atores de um silencioso teatro
Com movimentos e diálogos ensaiados
Durmo e acordo com o abstrato
Gentileza e sorrisos mimados

As cenas com que foi ludibriado
São perfeitas aos olhos apaixonados
Doce visão para um enganado
Que se converteu num ódio enciumado.

O que era desconfiança virou realidade
Qualidades, gordura enfeitada de confeitos.
Que esconde o integro sabor da interioridade
Diante destes olhos agora são defeitos.

O que era incerto virou certo
Visão esclarecida da verdade
O encantado jardim virou deserto
O amor fiel virou maldade.

...

SER HUMANO!
(Wemerson Silva)

Por que Nem sempre estou feliz?
E Ainda que o universo conspire contra;
Na verdade sempre faço aquilo que quis
Mesmo sabendo que muita gente mim aponta

Vivo minha vida do meu jeito
Levo o meu mundo comigo
Não tenho medo da morte
Muito menos do perigo

O que seria melhor?
Ser um ser imperfeito, buscando a perfeição,
Ou ver a sociedade matando seu próprio irmão?

Posso até mudar o que falei
Contrariar o que expliquei
Viver meu mundo jogando
Ou aceitar a lei da sociedade sem planos!

É assim contrariando, mudando;
Errando e acertando, sorrindo e chorando
Afinal tudo que eu falei acima...
É na verdade o ser humano.

...

QUANDO FICO COMIGO MESMA...

(Luana Toledo)

Quando fico
comigo mesma
percebo o quanto de Você
ainda me falta
e o quanto de mim
ainda resta

Vejo e sinto
que preciso aprender que o meu eu
me impede de experimentar
o quanto é doce contemplar a Tua face
e o quanto me encho de Você
quando me despojo de tudo

Sinto-me como um pássaro
alçando o seu primeiro voo
aquele que se joga
simplesmente se joga
para conseguir voar

Meus sentimentos?
Medo, adrenalina, felicidade

...

SAUDADE É...
(Tamires Martins)

É a última flor da primavera,
É a ultima vez que sinto o perfume dela...
É o último dia de praia no verão,
É o último calor da paixão...

É do outono o último fruto,
É o sabor do beijo no último minuto...
E a última chuvinha fina de inverno,
É o último abraço terno...

É o último brilho da estrela,
É o último aceitar a sua maneira...
É a última lua cheia da fase,
É a última vez que por você meu coração bate...

É a última vez que a nossa que toca a nossa canção,
É a última vez que olhamos juntos na mesma direção...
São os últimos sorrisos seus,
É o nosso último adeus...

Saudade é:
Tudo o que lembra alguém que falta...

...

POEMAS SELECIONADOS DE AGOSTO 2011

OS 20 POEMAS DE AGOSTO 2011 :

DE REPENTE...
(Maria Silva)

Certo dia...
Tudo parecia alegria
De repente, um clima melancólico
Uma visita que chegou...
Inesperada, indesejada.
Ao sair deixou uma saudade imensa
A pior das saudades;
Partiu para um mundo desconhecido
Que mundo é esse?...
Um mistério!
Nunca esclarecido.

Machucou, deixou uma ferida
Lágrimas incontidas...
Quantas lágrimas ao te procurar
Tantas lágrimas, coração partido
Ao lembrar de você gélido...

Meu... Meu jovem,
Meu... Meu velho amigo,
Meu... Meu querido amado,
Minha... Minha querida amada,
Deixava transbordar o cálice de alegria.

Um homem chorou, uma mulher chorou...
Uma criança chorou, um velho chorou;
Chorou pela perda do seu... Da sua...
Um... Porque nunca mais...
Uns... Porque agora não pode mais, dizer eu te amo
Outros porque nunca fizeram.

...

AINDA SOBRE O AMOR
(Sergio Caldeira)

As paixões são de repente,
Quem dura é o amor.
Por isso ele cresce devagar,
Desbravando o outro,
Feito bandeirante,
Elucidando o mistério, os conflitos,
Se tornando conhecedor,
Mais do que o outro conhece a si mesmo.
É uma coisa viva.
Que se alimenta dizendo: “eu te amo”,
Sem nunca ousar dizer eu te amo.
Não se deve dizer nunca eu te amo
E não deixar de dizer eu te amo.
Eu te amo com o ser inteiro,
Com o pensamento,
Com a sensação de estar presente,
De ser o preenchimento pleno do outro.
Que se não alimentado deixa os amantes sem sabores.
Desgostando dos gostares,
Até que as batidas do coração se estacionam
Em uma monótona sinfonia.
O beijo fica insípido.
Os olhos sem vida.
O tempo dissolve as lembranças em tempos de neurônios.
Esgota-se pela vida,
Como gotas de torneira,
E até prédios, avenidas, carros, gatos,
Cachorros ficam mais cansados, mais longínquos,
Como pedras de um caminho.

...

CAMINHEIRO
(Inezteves)

Vai caminhante por estradas tortuosas
Enfrenta teu caminho com gratidão e garra
Luta com tuas lágrimas empoeiradas
Vai por entre sendas duvidosas
Adentra as matas não antes desbravadas
Nas noites insones, ouve atento a voz do vento
Do pássaro noturno, de toda bicharada.
Segue caminheiro, tua estrada!
Quando teu corpo exaurido, pedir descanso
Procura água tépida do regato manso
Quando o suor do dia exalar sangrando a pele
Relaxa em águas turbulentas do sedento rio.
Vai meu amado caminhante só...
Amigos te esperam pra sorver o trago
O gosto da vitória que terás
Mulheres não hão de faltar
Em toda tua história, a completar
E quando, tua alma, ó caminheiro
Revolta em mistérios nessas lutas
Ouvir, na noite que te envolve,
Até de dia, a solidão...
Relembra da canção acalentada
Por tua “Dulcinéia ’’ namorada
Sorri para os que passam caminheiro!
Tiveste uma mulher apaixonada!
E se daí, onde estiveres caminheiro
Ainda houver tempo e coração sincero
Olha ao redor, pedante caminheiro
Se ainda é possível encontrá-la
Quem sabe teve forças pra seguir-te?
Talvez, seja uma amante disfarçada!

...

MEIO EU MEIO VOCÊ
(Inêzteves)

Agora quero sentir o teu querer,
Deixei de ser só eu...
Tenho você!

Hoje não penso só em mim,
Hoje eu sinto por você!

Adornas minha vida
Que cheira a doces e novos ares...

Não há mais noites solitárias...

Sou um pouco do que és!

Sou assim mesclada de carinho
Meio eu, meio você!
...

ESPIRAL DO ABISMO
(Aurismar Monteiro)

Nada faz, a não ser prejudicar,
dominante vício que a muitos alucina:
o tabagismo -, no cigarro a se tragar,
prazer nocivo, com fenol e nicotina.

Para alguns, agradável sensação:
inalar, curtir fumaça e cheiro.
Para outros, um horror de ilusão,
que consome a vida por inteiro.

Leves, bonitos, suaves e filtrados
– dizem anúncios dos produtos ofensivos.
Fabricantes cobiçosos, no dinheiro interessados.
O resultado é o fumante no abismo.

Não há pressa, ele afeta lentamente
– o tabaco –, revestido de sabores,
ditos suaves, atacando toda gente,
definha-se a vida, em meio a tantas dores

Seja no peito, na cabeça, no pulmão;
membros e mente, ou no sangue a correr
por entres veias e artérias do coração,
implacável mal, leva o fumante a morrer.

Peço desculpas a quem gosta de fumar,
por estes versos em desfavor da espiral.
Mas não posso, inerte, me quedar
ante esse vício, que mata sem igual.
Eis-me aqui, esperançoso num desvelo
defendendo o fumívoro passivo,
pela saúde implorando grande zelo,
sendo vítima do descaso abusivo.

...

INSPIRAÇÃO
(Denis Silva)

A brisa da noite
acalma minha alma.
No banco da orla
novas idéias surgem.
Esqueço das horas.
Não me importo com elas.
Sinto a brisa da noite
tocar minha pele.
Tão branda,
agradeço por ela.
Então surge a inspiração!
Com o lápis na mão, papel no bolso...
Lembro-me de escrever
Coração acelerado,
um novo lampejo vem-se criando
Um poema, um soneto, reflexão?
Mas o que acontece?
Sinto esvair-se de mim.
Onde está a brisa?
Ela se foi?
Não sinto mais ela!
Foi-se a inspiração...

...

SINCERO
(Sergio Caldeira)

Para que saibas como eu era.
Eu era um desses homens fadado a procurar venenos
Para combater os venenos de dentro.
E você me chamou de amante profissional.
Eu era desses homens que não existiam mais
Que acreditava na sinceridade de um amor.
Romântico, mas não desses românticos utópicos
Que separam as salivas dos beijos.
Eu acreditava no amor, mas também nas decepções.
Eu me corrompia, era canalha porque era moda ser canalha,
Sobre o meu coração que perdido não entendia.
Eu era um sobrevivente – disfarçado sob essa gente fria.
Eu acreditava na dignidade, no caráter, sob essa covardia,
Esse medo de estar na contramão da humanidade desumana.
Eu me perdia mais e mais para curar a ausência da mulher da vez,
Sina de quem já não amava a vida.
Procurei por uns versos,
Como um viciado que procura a sua droga.
Cabeça turva, olhos lacrimejados, procurei por Pasárgada.
E pouco depois que a vida já havia novamente me encontrado.
Em que a casa já estava limpa.
Em que a mobília era toda minha.
Em que enfim eu não era uma mentira.
Você chegou – você já não corria nenhum risco.

...

MEUS VERSOS
(Sergio Caldeira)

Eu queria que meus versos exalassem
o cheiro de papel-revista,
recém saído da tipografia.
Que as pessoas os pegassem na mão
e os olhassem com cisma.
Que os rasgassem com ira,
Que os guardassem com gula.
Eu queria, queria,
queria que meus versos agredissem.
Que fossem a causa de uma revolução.

...

FOLHAS DE OUTONO
(And. Marques)

Eu sempre venho aqui
Nessa época do ano.
O que eu sinto só eu sei,
Por isso, venho ao seu encontro..

Gosto de sentir o vento no rosto!
Gosto de ver as folhas secas de outono!
As flores se guardam, o frio a chegar...
Até o sol mais cedo pára de brilhar!

Eu volto sempre aqui
Pois aqui, eu me sinto bem!
Se for verão eu descerei do trem
Na estação que vem!

Sempre haverá tempo para tudo!
Nem sempre tudo é primavera!
As folhas antigas são alimento para a terra
E depois do inverno nascem as flores mais belas!

Eu sempre venho aqui
Nessa época do ano.
O que eu sinto só eu sei,
Por isso, venho ao seu encontro.

...

HORÁCIO
(Mariane Paco)

A vida passou por mim
Triplicada a velocidade da luz
Eu passei pela vida
E por setenta primaveras
Quando vi, já era bem mais de seis horas
Quando vi, já era setembro

Triplicada a velocidade da luz
O amor bateu em minha porta
A solidão bateu em seguida
E convivi bem com os dois
O amor me trouxe luz
A solidão me fez entender as sombras

Eu passei pela vida
Ouvi o canto do rouxinol
E o som fúnebre do adeus
Não tive tudo que amei
Mas amei tudo que tive
Isto bastou!

E por setenta primaveras
Floridas de sorrisos
E alguns invernos
Que congelaram o coração
Sobrevivi; encontrei a tempo
Uma canção para aquecer meu coração e me fazer sorrir

Quando vi, já era bem mais de seis horas
E nunca mais reencontrei aquele garotinho
Que há muitos anos via no espelho
Encontrei apenas um senhor
Da cabeça alva e calva
Olhar cansado, mas repleto de paz

Quando vi, já era setembro
Onde as flores não se abriram
E as cores desbotaram
Quando vi...
(Já quase não podia ver)
As cortinas se fecharam.

,,,,

DISTÂNCIAS
(Raul Cézar de Albuquerque)

Há pequenos e grandes espaços,
Há pequenas e grandes barreiras,
Que se põem entre sonhos e atos,
Entre expectativas e carreiras.

Do ódio ao amor, o perdão;
Do amor ao ódio, imprudência;
Do perfeito ao errado, desatenção;
Do errado ao perfeito, paciência.

Do amigo ao inimigo, um ato;
Do inimigo ao amigo, conciliação;
Da anarquia ao respeito, o recato;
Do respeito à anarquia, uma posição.

Do sonho à realidade, prioridades;
Da realidade ao sonho, retrocessos;
Do medo à tranquilidade, verdades;
Da tranquilidade ao medo, excessos.

De mim a um bom poeta, um salto incrível;
De ontem até amanhã, um caminho de dor;
De mim até Deus, um abismo transponível;
De Deus até mim, um simples gesto de amor.

...

LUZ NA ESCURIDÃO
(Thiago Sansil)

Tudo se encontra em escuridão,
A única coisa identificável é uma cadeira ao centro.
Mas ao fundo, vejo algo passando,
Vai de um lado a outro,
E logo retorna.
Um fantasma? Uma pessoa?
Como posso saber ao certo?
Então uma luz aparece,
Junto dela surge um rosto.
E uma voz logo encontra a minha audição.
Uma voz feminina, uma voz bela,
Talvez uma voz do coração.
Assim se faz uma confusão
Voz de lá voz de cá,
Uma verdadeira orgia de vozes.
Mas nenhuma delas sobressai
Nenhuma delas alcança
Nenhuma delas é igual aquela.
Nenhuma é igual à dela.
Assim como o facho de luz em meio à escuridão,
A voz dela aparece em meio a toda aquela confusão.
O que as outras falam?
A mim pouco importa.
A dela simplesmente me conforta.
Mas então o silêncio domina.
Não há confusão de vozes,
Nem a voz da menina.
O facho de luz também se vai
E por alguns segundos há apenas escuridão
E então, como que por mágica,
A luz de um canhão a escuridão devasta.
Ao centro ela surge,
Como que iluminada.
Não sei se por ela a luz se atrai
Ou se através dela a luz se faz.
Ela se vira e então sorri.
Sorriso tão breve,
Mas bem longo em minha memória.
A luz se apaga,
E a escuridão se faz, por fim.
É assim que termina,
O espetáculo que eu vi.

...

ELAS SE VÃO
(Denis Silva)

Vejo um homem andando pela rua
Semblante caído, preocupado talvez...
Ao seu lado uma menina
Ele não larga a mão dela por nada
Que por sua vez alegre canta
Uma voz doce, voz da inocência
Reparo em sua frágil e pequena mão
Uma boneca!

Ela canta para a boneca!
E o homem?
Semblante caído, preocupado talvez...
Mas em um momento um sorriso!
Do homem um sorriso amarelo, porém...
Quem vem?
Uma mulher andando pela rua
Troca de olhares
Um pequeno sussurro
A menina distraída nem percebe,
Que quem segura agora sua mão é a mulher
Ele beija a menina
A menina continua cantando para a boneca
Elas se vão!
Reparo no homem então
Voltando de onde veio
Semblante caído, preocupado talvez...

....

ABRA OS SEUS OLHOS
(Tamires Martins)

Quando você irá perceber... ?
Que Paris esta ao nosso alcance!
Até quando ficará sem saber... ?
Que o campo, é mais belo do que você imagina...
Nessa época do ano...
É só olhar em volta:
E apreciar o que se tem!
Não pense que sou a única privilegiada,
Olhe para frente,

E entenda
A beleza das flores mais simples...
E as cultive no seu pequeno jardim.
Lembre-se do nosso por- do- sol...
E sorria quando ele aparecer...

Porque você não deve ficar assim.
Acho que você ainda tem de saber:
Que o meu luar espera por você...

...

NEGRO OLHAR
(Huandra Siqueira)

Teu negro olhar esconde segredos
Desvendá-los é obsessão, maior desejo
Irrelevante é teu contido silêncio
Teu par de olhos revela tudo.

Oh olhar que desnuda minh’alma
Anseio ver-te num breve porvir
Resplandeça o brilho, único em ti
Desbrave sem medo meus horizontes.

Faça meus olhos de espelho, admire-se!
E terei pretextos para fitar-te outra vez
Veja pelos meus quão grande é o desejo
Até minha raiva precisa te ter!

Olhos são essenciais para a mente
Captam imagens, a maior veracidade.
Baseie-se nelas e em tudo o que sente
E não se esquecerá desta dama jamais.
...

CIDADE GRANDE
(Mariane Paco)

Na cidade grande
Tudo é diferente
Muito carro e muita gente
A confusão se expande

Na cidade grande
O céu é cinzento
O trânsito barulhento
Impede que tranquilo eu ande

Cidade grande é ilusão
Seu moço, tô indo embora
Quero logo ver a aurora
Que nasce no meu sertão

Cidade grande é um terror
Voltarei para a terrinha
Onde eu crio galinha
Eu sou do interior!

...

POSSIBILIDADES
(Moura)

É a possibilidade que me faz continuar, e não a certeza.
Uma espécie de aposta da minha parte, ao falar com firmeza.
E embora me possam chamar sonhador,
Louco, ou qualquer outra coisa que sou
Tenho sempre certeza, sou vencedor

Muitas das vezes só na força de vontade
Muita coragem! Viver pela emoção
Amigos? Nem sempre quando preciso me ajudam,
Mas quando precisam lhes dou a mão

Dizem: - nossa! agora não dar. Isso é impossível, afirmam.
Mas para Deus, tudo é possível ao que crer.
Deus cumpre o inexplicável em nossas Vidas
Sem Ele, nem tente, não tem saída
Sem ele, nada do que foi feito se fez

-Mais que loucura! Ficam a explanar.
A vida nos passa muita ferradura, crava, fica a marcar
Mas na possibilidade, no arriscar e no tentar.
Que a incerteza vira uma certeza,
E em meio à possibilidade, conquistamos o acertar.

...

SONETO D´UM OCIDENTAL
(Luiz Renato)

Ás vezes eu me pego em raciocínios
Graves, sofisticados... Meus neurônios
- Pois nada mais que isto há que fascine-os –
Acordados, parecem que têm sonhos...

Dialeticamente, sou levado
Ao mais alto e profundo em minha mente,
Onde todo saber é demonstrado
Em linguagem formal, logicamente...

E então me vêm aquele silogismo
E a conclusão – É Sócrates mortal
- E eu sou homem também, eu sou igual.

Mas toda vez que nesta coisa eu cismo
Me lembro de que a fé me ensinou isto:
A morte não conteve Jesus Cristo.

...

INFELIZ ESCOLHA
(Nadia Coimbra)

Esse sufoco não me larga.
Vive constantemente no meu eu.
Sinto como se a falsidade me perseguisse,
Sinto-me só, mas, eu escolhi ser sozinha,
no entanto a solidão me deprime.
E essa é a minha vida.

O que eu posso fazer a não ser,
aceitar o que ela me impõe?
Escolhi aceitar as coisas como elas são.
Já escolhi, parar de escolher.
Deixar as coisas acontecerem e aceitar.
Já escolhi mudar minhas escolhas para não escolher

Mas isso será uma escolha e sempre que eu escolher
Não escolher já vai ser uma escolha.
Mais será a escolha certa minha escolha?
Como poderei saber? Só me resta, escolher!

...

RELVA ANCESTRAL
(Luciano dos Anjos)

Um sábio solfejou aos quatro ventos
Quando as flores da inocência beijava
Meus pés na relva ancestral:”Menino sabido
Colhe o fruto na copa das arvores.”

E essas palavras eclodiram na nave interior
Com um chamado persistente e profundo
Depois vieram os livros lubrificando as retinas
E desmistificando horizontes repetidos...

Era noite... Muros altíssimos tentavam cercear meu voo
Quando veio o lampejo
Emergindo-me no mar infindável do silêncio
E desintegrei-me nas constelações
Sorvendo o éter inefável
Onde os anjos dedilham as sublimes melodias.

Quando o verso da alma veio a tona
Como um pássaro que adeja o horizonte
Pressentido o crepúsculo...
Pranteei sobre meus escombros
Vendo os dias se esvaírem nas quimeras impalpáveis
Ofertando-me umas tardes cinzas cheias de reclamos.

...

CANCIONEIRO
Pablo do Nascimento Pereira

Derramo sobre meu peito o canto desta última hora
Com um pranto triste de uma vida inteira no estribilho
Embalando o ritmo do tempo como a um filho
Pois a alma novamente em seu leito chora

Foi-se a terra sob os pés de meu destino
As esperanças que tocavam seu desejo
A Sinfonia dos sonhos em cada arpejo
Cantarolando outra lamúria neste hino

Dorme a cândida lembrança inacabada
A carne infante repousa atroz no reposteiro
Por uma voz doce e juvenil que foi calada

Quando cantou que o ser feliz morreu primeiro
Pois nota a nota a vida já foi musicada
Pelo o amor que é seu eterno cancioneiro!

...

POEMAS DE JULHO 2011

RAÇAS
(Maria Silva)

Marcados pelo passado!
Marcados por suas origens e características,
Rústicas, exóticas e apaixonantes...
Marcados por século dos séculos.

Qual será a diferença?
Uma "cor"?
Preto, pretinho... Nego, neguinho
Cafuso,Caboclo, Mameluco... Pardo?

O que pensaria Castro Alves?
Que retratava tão bem os negros como humanos;
De tanto insistirem que não,
quase passamos acreditar que sim;
Não... Não.. Não!
Assim nos mostram repulsa e desprezo,
os sentimentos oprimidos e os medos;
Como conseguem expressar que sim
"nós, humanos e mortais"?

Há sangue nas veias;
Há sangue Vivo
Há sangue precioso
Há puro Sangue

Tinha um sonho... Martin Luther King
Sonha, sonha... Nelson Mandela
Sonha com a paz entre irmãos.

...

DEUS NÃO QUERO SONHAR!
(Aurismar de França Monteiro)

...O vento soprava a areia,
levantava o que era água,
das casas levava as telhas,
deixando-as vaziadas.

Construções em andamento,
e há tanto construídas...
Triste desmoronamento!
Abriam-se fundas feridas...

Viam-se choro, lamentações,
reclamos, xingamentos...
Vozes em coro, um tormento
- eram partidos corações.

Lembrando-me de nossa casa,
saí correndo alucinado.
Seus carinhos eu desejava,
e o amor que tem me dado.

Com triste cena me deparei.
Em prantos, não me contive,
vendo-a inerte, me aquebrantei...
Oh! sem amor não se vive!

Profunda me veio a tristeza,
lágrimas formaram rios.
O recomeço, as incertezas,
o desconsolo, feridos brios...

Assim sofri num sonho,
do qual eu quis logo acordar.
Era um cenário medonho...
Meu Deus, não quero sonhar!

...

OS PÁSSAROS
(Chicomattos)

Os pássaros se escoam e
voam
quando o sol aquece as penas.
Fica a melodia de guitarra,
narra
o som e suas músicas.

Passam sobre casas formosas,
rosas
que um dia mataram a fome.
Levando vai o vento,
lento
passeando, passeando, passeando.

Os pássaros passam,
passam,
sobre o imenso rio,
frio
onde cantam, encantam,
o povo de alegria,
Ria.

...

AMOR SUPLICA AMOR
(Sergio Caldeira)

Que o amor não zombe de mim
porque sou ultrapassadamente
romântico;
Que o amor não me aprisione nas insólitas garras do Dr. Gauchet;

Que o amor me traga Deus, aquele de quem preciso agora;
Que o amor contenha meus soluços, que o amor me faça soluçar porque soluçar é melhor do que não ter ninguém para lembrar;
Que o amor desvende o segredo, a química que prende duas pessoas num sublime laço de ternura;
Que o amor me faça perdoar setenta vezes sete, ou o quanto for necessário desarrogante para ser feliz;

Que o amor me traga novamente outra imagem real daqueles olhos isofistimáveis;
Que o amor me vigie para que o céu azul não se coagule por um pensamento mal que me desconheça;

Que o amor me levante cedo, que me diga trabalhe, vença, cresça;
Que o amor me desabotoe as roupas, me ponha na cama, me diga te amo e que não desapareça;
Que o amor seja eterno, embora a vida seja efêmera.

...

CRIAR E CRITICAR
(Moura)

De fatos mirabolantes ao acaso do abismo
Descobrimos que criar é uma vontade realizada,
e criticá-la é uma questão a pensá-la,
Se vou falar ou deixar de falar

Então: com quem estar a razão?
Nunca seja aquele que critica o assunto
E sim aquele que cria a porção
É que pensamos e falamos.

E se falamos o que pensamos muitas vezes não é certo,
Então porque pensamos? Ou melhor, pra que falamos?
Questionar, corrigir, indagar, duvidar, polemizar e razoar
Porque as vezes o certo é errado? E o errado é certo?

Seria bom ouvir sem perguntar?
Ou seria melhor ouvir ao perguntar?
Seria bom criar sem medo?
Ou ter medo de criar?

Se criamos, estar feio
Ou será se é feio por criar-mos?
Se é certo, feio ou duvidoso,
Se é errado, por que criou o majestoso?

É porque o bonito é ter a idéia
E não criticar a quem a teve
Interessante é apreciar-mos a criação
E perceber-mos que linda é sua produção

...

MEDO
(Nadia Coimbra)

Não é medo do escuro, não é medo da morte,
Não é medo do desconhecido, nem da sorte.
Não é um medo fantasioso, infantil.
Não tenho medo do futuro nem do presente,

Meu passado, já não me assombra.
É só que, sinto-me frágil. Como uma criança, um bebê.
Um bebê de colo, um bebe que chora na ausência da mãe.
Indefesa, sozinha, desamparada.

No meio de um deserto clamando por uma gota d’água.
Uma gota d’água que talvez, você tenha.
É um medo que arde em mim, medo de não sei o quê.
Medo de tudo, medo de nada, medo de mim.

Medo da vontade do ser, medo da maldita expectativa,
Essa expectativa que me assombra, que me tira o sono.
Não sei o que é, sei que eu tenho medo.
Sei também que quero enfrentar, mas, me falta certeza.

Não coragem, mas certeza.
O que devo fazer? Enfrentar meu medo? Arriscar-me?
Quem sabe, continuar a esconder-me atrás de sorrisos?
Olho pros lados, cubro a cabeça com o edredom,
Faço uma oração, agradeço, pergunto, peço, imploro.

Entendo. Aceito!
Percebo que o medo inexplicável já não existe mais.
Agarro-me ao travesseiro,
Adormeço.

...

E SE...

(Sergio Caldeira)

Temos medo do amor.
E se o amor se for?
O que restará?
Ficarei sem ânimo, descolorindo meus sonhos?
Tísico?
Direi que não dará certo os sonhos dos outros?

E se o amor se for?
O que será de mim?
Perderei a fé?
Ficarei dizendo adeus à estradas infinitas?

Perdi ou ganhei?
Imóvel enrijeceria os músculos da minha face,
Incapaz de um sorriso flerteiro,
Incapaz de ser inteiro,

Estéril como uma ama seca?
Como uma ameixa,
Diminuindo, diminuindo, diminuindo...
Até que eu fosse apenas uma ameixa seca,
Sem caldo, sem viço, sem vida?

Se o amor se for serei isto?
Deixa de ser louco, o amor não é essa coisa feia, essa coisa ingrata.
Eu não tenho medo do amor o amor é aquilo que procuro, é o meu recheio.

Se ele se for, da flor o que se guarda?
A imagem. A beleza. O perfume.
O bailado de si livre ao vento.
Um sabor de tê-la e não tê-la.

Um olhar secreto por ela.
Ainda que essa flor murche e caia suas pétalas,
Ou que um poeta a colha.
A semente sempre fica.
Que será outra bela flor.
Que fará as mesmas coisas de flor.
Que será sempre livre e sempre minha.

...

TEMPO
(InezTeves)

Tempo fugaz e passageiro,
Cruel e ligeiro amedronta,
Finca estacas e demarca,
E prossegue fugidio, escapa!

Tanto tempo esperado, valorado!
Quanto dele desperdiçado!
Escorrega ligeiro esse tempo...
Foge entre os dedos, escapa!

Tempo, traiçoeiro e bendito!
Apunhala pelas costas,
Incautos personagens dessa vida...
Tempo, vilão ou benfeitor?

Benfazejo, divino, saboroso...
Esse tempo ditoso, desejado...
Valioso tesouro, aproveitado,
Relicário bendito, delicado!

...

FOLHAS AO VENTO
(Alan Kramer)

Suavemente uma folha se desprende com o vento
Desliza pelo ar até seu repouso no gramado
Gramado da praça de um velho convento
Para entre um lago
E um casal de enamorados

Faz ela parte de um outono quase inverno
Em que cada detalhe é poesia
Onde o tempo parece imóvel
Com certo ar de nostalgia

Dourada como o mais puro ouro
Ouro esse extraído a força, sem vontade.
Prefiro a folha que, sem ruído e sem estouro,
Entrega-se ao vento, sem nenhuma vaidade.

Sente-se livre agora, pode aproveitar seu tempo.
Voa de poça em poça
Vida de folha quem guia é o vento.
Mas esse, não guiaria também a nossa?

...

HEY, MENINO DE RUA
(Mariane Paco)

Hey, menino sentado aí no chão
Com um buraco no sapato e outro no estômago
Menino de rua acostumado com a solidão
Invisível para alguns...

Eu estou te vendo
Também sei que sente frio
Está ventando forte e já é tarde
Rua suja, noite escura, seu lar

Hey, menino de rua
Não, não chore
Eu ainda estou te vendo
Segura a minha mão...
Só queria ajudar

Mas o menino fugiu e levou seus medos
Sua fome, sua solidão e seu frio
Menino de rua, agora é só um menino invisível
Para os outros e para mim.

...

POEMAS DE JUNHO 2011:

A ALMA DO POETA, Maria Silva

Confusos,

Metódicos!
Sensíveis...
Profetas?

Apenas um cheiro,
Apenas um toque,
Apenas um olhar,
Apenas um vento,
Apenas um canto de um pássaro,
Apenas a solidão,
Apenas a multidão,
Apenas a confusão,
Apenas uma forte emoção.

Pensamentos que vão de encontro aos devaneios,
Buscando entender cada emoção.
E nasce uma linda canção...
Uma linda poesia,
Fantasia!
Loucura?

Até os loucos amam.

Começam a ouvir a voz da alma,
Vem o desejo:
Nasce como um ser, não pode esperar.
É muito forte
E versos começam a nascer.

...

2

SONETO DA NOITE, Chicomattos

Comida não sai de sonhos,
felicidade de viver não vem no desejo.
Sei o que passo, o que penso, e o que vejo,
sei muito e ao que sei não me oponho.

Comida não sai de sonhos,
vivendo-os não enche o espaço.

S’ eu penso e vejo, isso passo.
Sinto o doce sonhar e o viver tristonho.

Quando acordo, vejo a realidade
Transformando-se em sonhos, menos verdade.
Pode ser uma parte da vida diária.

Chega à noite, repetem-se os planos,
sempre os tenho no cotidiano.
A noite é assim. O dia é melhor.

...

4

SONHO, Rejane Arantes

Sonhos de menina

em sua infância à adolescência busca ser feliz

Da lagarta à borboleta no seu mundo de sonho...

Seu mundo de sonhos de encanto sonhado.

Na paisagem da infância vivida, sonho de uma menina

Em sua infância, busca ser feliz.

Sua infância interrompida bruscamente,

cruel mundo que sufoca sonhos, sonhos de menina.

Em sua beleza singela, pura, sonhadora...

Sonha! sonha! Criança menina.

Deus teus sonhos contempla!

Sonho de infância, singelo em sua essência.

Não destrua com sua impaciência, indiferença.

Adultos que um dia foram crianças,

que tiveram seus sonhos roubados...

Dê uma chance a essas crianças!

Deixe as crianças brincar, cantar,

viver seus sonhos de infância.

Assim um dia olhando para traz,

verá rastro de felicidade deixado pelos sonhos

Assim será adulto feliz

E fará outras crianças sonhar!

E Deus dos altos céus, que ama as crianças

encherá teu lar de esperança!
...

5

QUIMERAS MONSTRUOSAS, Inêz Teves

Um ser mitológico abana a cauda
Monstruosa e horrorosa
E ainda há na vida quem aplauda
“Nação de caipiras orgulhosa!”

Agora é hora, montam-se palcos
E vozes enganosas, belos discursos
Encherão as telas gratuitas
Encherão as ruas sem recursos

E prosseguem na hipocrisia maldita...

E quando enchem os bolsos após o ato
Esses atores, do maldito teatro
Esquecem da razão, até do trato,
Com a nação de pessoas e isso é fato!

Policiam as desgraças desse povo
Atacando com quimeras o seu mal
Não pode sarar, pois de novo
O teatro será usado afinal

A cada quatro anos, desperdício
De cifras enormes em campanhas
E inda fazem chamadas noutro ofício
Para as tais crianças da esperança

E mesmo sem crer em papai Noel
O povinho esperança dá ouvido
Afinal os senhores, da senzala fel
Trabalham com seus sonhos preferidos!

Capitalismo é o monstro, é esse o mal?
Perguntas povoam com desdém
Pois todos sabem no final
Vergonha na cara, não faz mal a ninguém!

E nos ombros da nação que agiganta
Deita-se em camas mercenárias
Os lobos com dentes afiados, voraz garganta
Quais hienas, na soberba e piadas hilárias!

...

6

FILHA DO REI, Huandra

O meu valor não pode ser medido por bens materiais
Ou retratado por palavras, que nada falam sobre mim.
Mais valiosa sou que os tesouros do fundo do mar,
Que esperam, aflitos, pelo dia de seu encontrar.
Nem as mais gloriosas obras são maiores do que eu:
Fruto do sopro da vida, expressão do amor de Deus.

Sou filha do Rei. Extensão de Sua glória, majestade e poder!
Sempre guardada, vigiada por anjos criados com esse fim.
Antes de ser gerada e até mesmo idealizada por meus pais,
Fui parte dos mais formosos e ternos sonhos do meu Deus.
Sou filha do Rei e ninguém poderá tirar esse Título de mim.

...

8

METAMORFOSE, Inêz Teves

Era um casulo adormecido
Então chegaste, a bailar
Com tua fala, enternecido
Com tua sanha a me despertar

Ali fiquei sem responder
Parada, sem razões para voar
E tu, volvias teu canto para eu viver
E, então de repente, criei asas pra voar

Oh! Inquietantes momentos
Rompi meu casulo afinal
Por noites, dois tormentos
Voejei qual borboleta, ao teu sinal

E tu dizias: Vem, meu bem
Que te quero demais, sou teu
Eu dancei em tua chama do bem
Queimei as asas e o calor ardeu

E tão pouco tempo passou
De casulo a borboleta, afinal
Na louca metamorfose, tudo findou
Estou lagarteando este mal

...

9

IMAGEM, Inês Teves

Persigo um vulto na fria madrugada,
Busco em ruas e vielas noite afora...
Encontro o rosto suado de uma fada...
E penso estar sonhando essa hora!

Apanho o néctar de riso que inda resta...
Acalmo o pranto incontido que existe...
Grito e acordo essa visão funesta!
Envolvo em risos essa imagem triste!

A mancha de um novo dia refaz...
Um raio de esperança nesse rosto...
Encoberta angústia, então se desfaz...
Antes que haja choro, lavo-lhe o rosto!

Nesse frenesi, nessa ânsia de vida,
Sacode ali, em frêmitos o corpo...
Desejos de viver e ser querida,
Até que o choro seja fato morto!

E renascida brinca de viver...
Nesse sonho a fada encantada...
Em risos, vozes, sons de grande prazer...
Descobre-se deliciosamente amada!

E aturdida percebo nessa imagem,
Que se faz e refaz dia após dia...
Não ser transitória e nem só miragem...
Esse vulto sou eu que revivia!
...

10

BRANCA COR, Chicomattos

Era vermelho escuro bem escuro,
que com um simples toque de tua mão
branco ficou.

Não tinha visão de nada
no tocante ao espírito
mas com teu Espírito tocante
senti a transformação
de uma velha criatura em um novo homem.

Hoje sendo branco,
branco como a lã,
surge constantemente alguém tentando fazer
de novo o vermelho escuro bem escuro,
que com um simples toque de tua mão
branco ficou.

Mesmo com as angústias do tempo
e as provações de cada dia
Nada mudará a cor daquilo que era vermelho escuro
bem escuro,
e que com um simples toque de tua mão
branco ficou.

...

OS POETAS, Sergio Lopes.

Poetas são por natureza inconformados
Com a “despoesia” das vidas acinzentadas
Com o sacrifício dos amores anulados
Pelo egoísmo das pessoas mal amadas

Poetas são, por natureza, solitários.
A multidão que o acompanha, são seus versos
No tempo em que viver são como missionários
De um lado a outro, com seus escritos dispersos.

Mas quando finalmente morrem os poetas
Surgem os críticos e editores com suas metas
De publicar cada soneto rabiscado.

E só assim o mundo aceita a poesia
Quando o poeta viveu, ninguém o ouvia
Quando se cala, seu poema é idolatrado.
...

VIDA E INSPIRAÇÃO, Sergio Lopes.

Era como um rio, cujas águas volumosas
Como multidão incontrolável de gotas que se ajuntam
Para conquistar, à força da bélica passagem
Uma porção própria da terra de onde minaram
Numa posse violenta e conturbada...
Na passagem, arrastava tudo o que encontrava!
Árvores imensas tombavam! Troncos imensos
Arrancados da terra pela força dos raios
Eram empurrados pela força turbulenta da torrente;
Brotos de bambu agonizavam, pequenas flores sumiam...
Uma confusão tormentosa na natureza!
Em um minuto muita coisa não mais existia
Tal era a força e o volume da enxurrada em fúria.
Os castores se assustavam! Nunca viram nada igual!
Os diques se rompiam como numa explosão!
Quanta vida era tragada pela força daquelas águas!
Era uma cena aterradora! Parecia o fim do mundo!
Com todo o barulho invasor da calmaria selvagem
As águas imparáveis e impiedosas do rio em tromba
Vinham descendo a montanha ladeira abaixo
Numa desastrada corrida destrutiva,
Matando tudo, esmagando tudo, quebrando tudo!
Desafiando e vencendo tudo que ficasse parado na sua frente!
Lá embaixo, a planície tudo assistia...
Olhando... olhando... olhando aquela loucura toda,
Mas como quem olha pra rua esperando o carteiro
Trazendo uma carta muito aguardada!
Cá embaixo, onde já existiu uma bela flora,
E um pasto suculento,
Que agonizavam por falta daquela água toda.
Então se aproximava a esperança!
Meio sem jeito, desengonçada, desgovernada, mas...
Lá vinha a tromba d’água! E vinha com vontade!
E quando finalmente chega à baixada... diminui sua marcha
E aquele aguaceiro se espalha pela planície inteira
Perdendo sua força destruidora porque, no plano,
Onde não há o desespero de uma descida sem freio
Não teve outra forma de se comportar
Senão o espalhar-se, esvair-se, acalmar-se, minguar!
E agora toda aquela água é tragada pela terra sedenta!
E então, dias depois, tudo ali reverdece...
A terra distribuiu, do jeito que bem quis,
Para os lírios e a relva
Com delicadeza, em pequenas porções,
Toda aquela água antes desembestada e sem dono!
Os passarinhos agora cantam sobrevoando a planície!
Refazem seus ninhos; repõem seus ovos.
Os animais do pasto descansam e as crias brincam
Sobre a relva saciada com água delicadamente distribuída.
Um misto de cores belíssimas, impossíveis de se imitar...
Pintam o campo de grená, amarelo e púrpura
Azuis e vermelhos, belíssimas aquarelas!
Um incrível mundo que, de tão perfeito,
Nem combina com toda aquela destruição que o antecedeu...
Mas... assim é a vida... e assim é a inspiração...
A vida é aquele rio caudaloso! destrutivo! impiedoso!
Que atropela com vigor e fúria as vontades dos humanos.
Destrói seus sonhos, explode as construções dos seus desejos,
Para depois, fazer-se espalhar em sua alma, minguando-se,
Acalmando-se na planície de uma folha de papel
Por meio dos rabiscos de um poema, ou
Por meio de uma canção inspirada, calma,
Mas também cheia de cores vivas
Que ninguém jamais conseguirá imitar.

- o0o -

AMOR NO PAPEL, William Shakespeare (traduzido)

Quando a hora dobra em triste e tardo toque
E em noite horrenda vejo escoar-se o dia,
Quando vejo esvair-se a violeta, ou que
A prata a preta têmpora assedia;
Quando vejo sem folha o tronco antigo
Que ao rebanho estendia sombra franca
E em feixe atado agora o verde trigo
Seguir o carro, a barba hirsuta e branca;
Sobre tua beleza então questiono
Que há de sofrer do Tempo a dura prova,
Pois as graças do mundo em abandono
Morrem ao ver nascendo a graça nova.
Contra a foice do Tempo é vão combate,
Salvo a prole, que o enfrenta se te abate.

Devo igualar-te a um dia de verão?
Mais afável e belo é o teu semblante:
O vento esfolha Maio inda em botão,
Dura o termo estival um breve instante.
Muitas vezes a luz do céu calcina,
Mas o áureo tom também perde a clareza:
De seu belo a beleza enfim declina,
Ao léu ou pelas leis da Natureza.
Só teu verão eterno não se acaba
Nem a posse de tua formosura;
e impor-te a sombra a Morte não se gaba
Pois que esta estrofe eterna ao Tempo dura.
Enquanto houver viventes nesta lida,
Há-de viver meu verso e te dar vida.

Se ao bronze, à pedra, ao solo, ao mar ingente,
Lhes vem a Morte o seu poder impor,
Como a beleza lhe faria frente
Se não possui mais forças que uma flor?
Com um hálito de mel pode o verão
Vencer o assédio pertinaz dos dias,
Quando infensas ao Tempo nem serão
As portas de aço e as ínvias penedias?
Atroz meditação! como esconder
Da arca do Tempo a jóia preferida?
Que mão lhe pode os ágeis pés deter?
Quem não lhe sofre o espólio nesta vida?
Nada! a não ser que a graça se consinta
De que viva este amor na negra tinta.

Uns se orgulham do berço, ou do talento;
Outros da força física, ou dos bens;
Alguns da feia moda do momento;
Outros dos cães de caça, ou palafréns.
Cada gosto um prazer traz na acolhida,
Uma alegria de virtudes plenas;
Tais minúcias não são minha medida.
Supero a todos com uma só apenas.
Mais do que o berço o teu amor me é caro,
Mais rico que a fortuna, e a moda em uso,
Mais me apraz que os corcéis, ou cães de faro,
E tendo-te, do orgulho humano abuso.
O infortúnio seria apenas este:
Tirar de mim o bem que tu me deste.

Quando jura ser feita de verdades,
Em minha amada creio, e sei que mente,
E passo assim por moço inexperiente,
Não versado em mundanas falsidades.
Mas crendo em vão que ela me crê mais jovem
Pois sabe bem que o tempo meu já míngua,
Simplesmente acredito em falsa língua:
E a patente verdade os dois removem.
Por que razão infiel não se diz ela?
Por que razão também escondo a idade?
Oh, lei do amor fingir sinceridade
E amante idoso os anos não revela.
Por isso eu minto, e ela em falso jura,
E sentimos lisonja na impostura.

AMOR E MEDO, Casimiro de Abreu.

Quando eu te vejo e me desvio cauto

Da luz de fogo que te cerca, ó bela,

Contigo dizes, suspirando amores:

"Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!"

Como te enganas! meu amor, é chama

Que se alimenta no voraz segredo,

E se te fujo é que te adoro louco...

És bela — eu moço; tens amor, eu — medo...

Tenho medo de mim, de ti, de tudo,

Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes.

Das folhas secas, do chorar das fontes,

Das horas longas a correr velozes.

O véu da noite me atormenta em dores

A luz da aurora me enternece os seios,

E ao vento fresco do cair cias tardes,

Eu me estremece de cruéis receios.

É que esse vento que na várzea — ao longe,

Do colmo o fumo caprichoso ondeia,

Soprando um dia tornaria incêndio

A chama viva que teu riso ateia!

Ai! se abrasado crepitasse o cedro,

Cedendo ao raio que a tormenta envia:

Diz: — que seria da plantinha humilde,

Que à sombra dela tão feliz crescia?

A labareda que se enrosca ao tronco

Torrara a planta qual queimara o galho

E a pobre nunca reviver pudera.

Chovesse embora paternal orvalho!

Ai! se te visse no calor da sesta,

A mão tremente no calor das tuas,

Amarrotado o teu vestido branco,

Soltos cabelos nas espáduas nuas! ...

Ai! se eu te visse, Madalena pura,

Sobre o veludo reclinada a meio,

Olhos cerrados na volúpia doce,

Os braços frouxos — palpitante o seio!...

Ai! se eu te visse em languidez sublime,

Na face as rosas virginais do pejo,

Trêmula a fala, a protestar baixinho...

Vermelha a boca, soluçando um beijo!...

Diz: — que seria da pureza de anjo,

Das vestes alvas, do candor das asas?

Tu te queimaras, a pisar descalça,

Criança louca — sobre um chão de brasas!

No fogo vivo eu me abrasara inteiro!

Ébrio e sedento na fugaz vertigem,

Vil, machucara com meu dedo impuro

As pobres flores da grinalda virgem!

Vampiro infame, eu sorveria em beijos

Toda a inocência que teu lábio encerra,

E tu serias no lascivo abraço,

Anjo enlodado nos pauis da terra.

Depois... desperta no febril delírio,

— Olhos pisados — como um vão lamento,

Tu perguntaras: que é da minha coroa?...

Eu te diria: desfolhou-a o vento!...

Oh! não me chames coração de gelo!

Bem vês: traí-me no fatal segredo.

Se de ti fujo é que te adoro e muito!

És bela — eu moço; tens amor, eu — medo!...

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RELÍQUIA ÍNTIMA, Machado de Assis.

Ilustríssimo, caro e velho amigo,
Saberás que, por um motivo urgente,
Na quinta-feira, nove do corrente,
Preciso muito de falar contigo.

E aproveitando o portador te digo,
Que nessa ocasião terás presente,
A esperada gravura de patente
Em que o Dante regressa do Inimigo.

Manda-me pois dizer pelo bombeiro
Se às três e meia te acharás postado
Junto à porta do Garnier livreiro:

Senão, escolhe outro lugar azado;
Mas dá logo a resposta ao mensageiro,
E continua a crer no teu Machado.

AMAR E SER AMADO, Castro Alves.

Amar e ser amado! Com que anelo
Com quanto ardor este adorado sonho
Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desvelo!
Ser amado por ti, o teu alento
A bafejar-me a abrasadora frente!
Em teus olhos mirar meu pensamento,
Sentir em mim tu’alma, ter só vida
P’ra tão puro e celeste sentimento
Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
Juntos, juntos perderem-se no oceano,
Beijar teus labios em delírio insano
Nossas almas unidas, nosso alento,
Confundido também, amante, amado
Como um anjo feliz... que pensamento!?

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